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A história do vinho e a harmonização com a comida









A história do vinho é muito rica.
Tornou-se a bebida mais celebrada e sobre a qual mais se escreve no mundo.


Nos dias atuais o vinho é fabricado em todo o mundo, mas só recentemente se tornou uma bebida para todos. Como nenhuma outra bebida, o vinho define o status de quem o consome e sua imagem de elite é uma parte importante de sua história.


Como o suco fermentado de uvas se tornou a mais reverenciada bebida do mundo?


Acredita-se que o vinho tenha sido descoberto por acaso, há mais ou menos oito mil anos (foram descobertos jarros no Irã que tem marcas de vinho tinto datadas de 5.000 aC), com pessoas amassando uvas em algum lugar e depois de um tempo voltando, experimentando e gostando de seus efeitos.


 Depois dessa descoberta, a produção foi crescendo e, para o homem da antiguidade, ele passou a ter um significado espiritual.
A ligação do vinho e as religiões é fato mais do que comprovado e devemos muito do seu desenvolvimento a essas pessoas.


Os egípcios e os gregos foram grandes fomentadores de sua produção, embora ele esteja apenas ligado a aristocracia e a nobreza. Uma bebida para reis, faraós e sacerdotes da alta casta.


Desconfia-se que, devido aos métodos de filtragem, o vinho desta época era muito diferente do que conhecemos e estava mais para uma goma mais viscosa e não uma bebida. Porém, foram os romanos os grandes responsáveis por sua disseminação pelo mundo.
Havia a necessidade de bebidas para agradar e saciar os soldados, além do que a água nesta época era uma coisa perigosa, geralmente contaminada (fato que se manteve até meados do século XIX).


Os franceses souberam aproveitar muito bem esse tipo de cultura e, desde o século XII, se especializaram em produzir castas de uvas que mais se adaptaram a fabricação da bebida. A primeira região, que soube aproveitar bem isso foi Bordeaux, devido a sua posição geográfica.


Foram os franceses que, também, criaram a denominação dos vinhos conforme sua classe social. Era comum encontrar os vinhos destinados a um certo segmento social, por exemplo, um Cru-Artisian, que era um vinho feito aos trabalhadores manuais, ou seja, você é um artesão, você bebe esse vinho.


O rei dos vinhos, o Champagne, foi outra descoberta muito ligada a uma região e a uma religião, tendo seu expoente o famoso monge Don Perignon, que durante mais de 40 anos pesquisou, anotou e o desenvolveu. O mais estranho é que sua meta era tirar as bolhas do vinho e não o contrário.
A fermentação com a adição de açúcar é conhecida há tempos, inclusive existe um documento da Royal Society de Londres, datado de 1662 que descreve o método de produção, que tanto agrada os ingleses, muito antes do monge da abadia de Saint Hillaire ter nascido.


O desenvolvimento dos vinhos está ligado a muitos fatores, inclusive a fabricação das garrafas, fato que possibilitou os vinhos serem estocados e com isso alguns passaram a melhorar seu sabor e qualidade.


(papo chato de químico: Durante a guarda, vai havendo a produção de álcool e aldeídos, porém isso só se transforma em coisa boa em alguns tipos de vinhos e em outros os transforma em vinagre).


Em 1875, agricultores vitorianos trouxeram da América novas cepas e junto o maior terror dos produtores: a filoxera, um afídeo que ataca as raízes das vinhas. Foi um Deus nos acuda e poucos vinhedos sobreviveram a isso, o que hoje analisando acaba se tranformando em algo salutar, pois através do método da enxertia, novas cepas foram produzidas e melhores vinhos surgiram.


(curiosidade: o único país a salvo da filoxera é o Chile, pois está protegido pelos Andes de um lado e pelo Oceano Pacífico do outro e todas as normas possíveis são aplicadas para que ele não entre no país).


Hoje com a disseminação dos vinhos de modo mundial, temos vários novos expoentes surgindo e, hoje em dia, a Itália superou a França como maior produtor de vinhos. A Espanha é outro país que se destaca, assim como os Estados Unidos, a Austrália, Nova Zelândia, Africa do Sul, Chile, entre outros.
Alguns países se especializam em varietais (tipo de uma uva) e fazem o possível para sempre estarem melhorando a qualidade dela.


Hoje, o Cabernet Sauvignon, o Chardonnay, o Pinot Noir e o Sauvignon Blanc, correspondem a mais de 80% da produção mundial, embora existam centenas de outros tipos de uvas.


O Brasil tem se destacado na produção de espumantes (uma variação do Champagne, pois essa designação é exclusiva da produção da região francesa), mas ainda está longe de produzir os melhores vinhos em comparação aos franceses, italianos, espanhóis e chilenos, entre alguns países de destaque, pois vinhos estão muito ligados ao que chamamos de "terroir", ou seja o ambiente, unindo o solo, clima e métodos de plantio e colheita.


Claro que isso é apenas um pequeno apanhado básico da rica história da bebida, porém sabemos que ela está enraizada e faz parte do desenvolvimento da humanidade, mesmo que alguns discordem, ela acompanhou e guiou muitos dos descobrimentos e assentamentos pelo mundo.


Uma curiosidade:


As uvas em sua grande maioria são colhidas sempre à noite, pois assim mantém seu frescor.


Na gastronomia, a junção do vinho à comida vai além da do acompanhamento e faz parte da confecção de vários pratos, famosos e deliciosos, como o Boeuf Bourguignon.


O deglassar, ou seja “raspar o fundinho da panela com auxílio de um líquido, é outra das coisas importantes em que o vinho se torna fundamental.


Além do mais, nada como sentar com a pessoa amada, no aconchego de sua sala ou em um bom restaurante, abrir uma bela garrafa de vinho e trocar olhares comprometedores ao sabor e cheiro da bebida que é um presente dos deuses. Não faz parte da história do vinho, mas fará parte da sua história pessoal, aquela que muitas vezes é muito mais importante do que saber que em 3500 aC. O faraó mandava matar quem bebesse vinho, pois era algo que só ele, um deus, podia fazer.


A chamada harmonização, ou seja, a interação do vinho com a comida é outra parte importante e muito estudada.
Os profissionais que acompanham muito de perto todo esse mundo são os chamados sommeliers, os encarregados de conhecer os vinhos e tudo que se relaciona a ele, inclusive entende de  cerveja, água, destilados, chá, café e deve, também, ter uma noção de charutos, uma profissão e um hobby muito aclamado hoje em dia.


Na próxima postagem, vamos falar exatamente sobre esse "serviço", a combinação do vinho e da comida, a chamada harmonização, muito importante para quem quer saber o que servir ante a um prato de comida sem haver conflitos entre essa duas maravilhosas partes.




Agradecimentos a Ana Maria pela revisão do texto