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Bacalhau - Bolinhos, Cremes e Pratos diversos

Moby Ripp












Meu nome é Ismael. Sou um veterano do mar. Agora, já quase aposentado, lanço-me a uma nova aventura. Procurei onde podiam aceitar um alquebrado e velho marinheiro, mas, todas as portas se fecharam à minha frente.

Um dia, encontrando todas as estalagens cheias, na enevoada e fria costa setentrional do país onde adotei como meu, o frio intenso me obriga aceitar dividir o quarto com um outro homem.

Queequeg, nome estranho, um ex-canibal, um guereiro, mas, um ser humano digno agora. Ficamos amigos, aliás, tornou meu melhor e único amigo.

Procurando por empregos para sobrevivermos, conhecemos o Capitão Ahab, dono de um baleeiro, que possuia olhos muito cerrados, em uma face quase desfigurada, e temperamento obsessivo, com um único desejo em sua vida:
Encontrar novamente Moby Ripp.

Como só loucos aceitavam singrar os mares com Ahab, e poucos, além de nós, haviam no local, conseguimos as vagas.


Embarcanos no baleeiro de Ahab, chamado The Pequod. 
Eu e Queequeg nós vimos envolvidos pelo desejo do capitão.  Impossível não sentir sua obsessão de encontrar Moby Ripp rondando os alojamentos e o convés, o tempo todo.

Cortamos os sete mares, atrás deste ser mitológico, que anos atrás havia tido um encontro marcante com Ahab. Ele nunca mais esqueceu deste momento.

Meses a fio, velejando, sofrendo calmarias, tempestades, privações, a fome, avistamos a ilha onde poderíamos encontrar o mítico Moby Ripp, mais conhecida como a Ilha do Qorthon.

Qorthon era um templo escondido nas matas, encapsulado pela vegetação luxuriante e isolado do mundo que, apenas, recebia convidados. Muitos saiam satisfeitos, outros voltavam sempre, como se o vício os tivesse abocanhado.


Desembarcamos apreensivos, olhando de lado para o capitão Ahab, que começava a salivar intensamente.
Não entendemos, mas como fiéis cães, seguimos firmes ao seu lado.

Ao adentrar o Qorthon, Ahab olha fixamente para a a sacerdotisa e garçonete e pergunta solenimente como se estivesse à frente do Oráculo:

- Hoje tem o Bolinho de Bacalhau do Ripp ?

Nos entreolhamos, assustados e incrédulos, pois a fama do Bolinho de Bacalhau do Ripp sempre nos pareceu uma lenda, uma estória que os velhos lôbos do mar contavam para seus ouvintes quando estavam com fome e, malevolamente, queriam torturá-los.


A formosa virgem, pelo menos é o que falam, nos atendeu e respondeu que sim, pois todo dia tinha Bolinho de Bacalhau do Ripp na Ilha, se não a fúria dos habitantes locais poderia trazer destruição, morte e falência.

Queequeb e eu, somos testemunhas da quantidade de habitantes locais que invadem o recinto na hora do almoço, ávidos por saborear a iguaria. Como se estivessem em um transe, antes da refeição, todos, quase sem exceção, pediam a porção dos inebriantes bolinhos.

O Capitão Ahab, chama-nos à sua mesa e lá conseguimos, enfim, experimentar a deliciosa comida, quando Ahab diz:


- Ismael, tenho uma missão para você, disse ele, enfático.

Não podendo dizer um não ao meu patronal capitão, baixei meus olhos e escutei:

- Quero que vá à cozinha de Moby Ripp e descubra como ele é feito, pois, outrora perdi uma perna e fiquei desfigurado brigando pelo último bolinho que tinha à venda aqui. Um fato que jamais esquecerei.


Procurei Queeqeb com o olhar, mas com esse nome, nem ousei chamá-lo em voz alta. Baita nominho estranho esse.

Parti para a missão sozinho, deixando meu melhor amigo estirado em uma confortável cadeira à beira do mar, provavelmente,  digerindo mais um bolinho servido pela virgem, ou pelo menos, como ela diz, mas quase ninguém crê.

Esguerei-me pelo caminho que levava à cozinha e lá pude constatar a poderosa receita que havia feito Ahab tornar-se um perneta.

Fotografei para provar a Ahab que havia cumprido a missão e escrevi um relato de como era feito.





Pela fresta de uma das portas, pude ver o famoso cozinheiro colocando lascas de bacalhau em um vazilhame.
Suspeito que tenha feito isso na noite anterior, pois o peixe parecia já estar começando a desfiar. Ele trocava a água a cada 8 horas, com certeza, deve ter trocado umas três vezes, pelo menos.
Lembrei-me que Lidiane, minha mãe, fazia isso.

Vi quando ele salteou levemente as lascas em sua mágica frigideira. Olhou-me nos olhos, bem no momento que fotografava a ação escondido. Aquele lugar era mágico, parecia que os espíritos de grandes cozinheiros e as fadas estavam lá.


Cortou em pequenos pedaços o bacalhau, que deveria ter umas 250 gramas, muito bem desfiado e deixou de lado.
Cozinhou quatro batatas médias, quase grandes, e junto havia algo mais, que me pareceu uma mandioca pela cor mais esbranquiçada. Fez com esses vegetais um espécie de purê.


Mas houve um fato muito estranho, algo que, estes olhos que a terra há de comer, nunca haviam visto:
O cozinheiro colocou as lascas de bacalhau em um pano muito limpo e começou a esfregar como se estivesse lavando roupa.
Ao meu espanto pude ver o resultado.

Um bacalhau quase dissolvido, desfiado muito fininho, perfeito para ser encorporado no purê e assim vi que foi feito por ele.
Vi, também, que colocou junto ao purê e começou a temperar essa massa. Colocou sal, pimenta do reino, que ele moeu na hora, salsinha picadinha e, de repente, para meu assombro, quebrou um ovo nessa mistura.

Pegou uma garrafa, que acredito ser de vinho branco e colocou um pouco nessa mistura. Se eu fosse ele, usaria vinho do Porto, pois conta uma lenda perdida, que o mestre Saul Galvão* fazia assim.
Com as mãos começou a misturar tudo durante uns dois a três minutos, em um ritual constante e monótono, e, novamente, colocou mais um ovo e continuou a misturar até que essa massa ficasse bem homogênia.

Fiquei pasmo e tive vontade de chamar Queequeb para ver, mas o cozinheiro, rapidamente fez dois tipos de movimentos. Pegava essa massa e enrolava como um brigadeiro e depois achatava, deixando na forma de uma balãozinho de São João.
Deixava sobre um tabuleiro, até terminar todos.
Pela quantidade dos ingredientes, deu para ver que ele fez 15 a 18 bolinhos de bacalhau do tamanho de uma mão vista de lado.

Fiquei assombrado com a rapidez que isso ocorreu !!

Um tacho com óleo limpo colocado sobre o fogão, foi posto no fogo e vi que ele esperava aquecer. Pelo suor que escorria de seu rosto, a temperatura desse tacho devia estar por volta de 170º a 180º quando ele começou a colocar essas bolinhas em forma de bola de futebol americano e fritava até ficarem douradas e isso foi muito rápido, pois a massa que ela contém já está praticamente pronta para consumo.
Isso deve ser apenas para criar um crosta externa.
Ao retirar, colocou sobre uma grade, mas ele poderia ter colocado sobre papel toalha, se não a tivesse.


Eu, Ismael, vi e juro que a facilidade é imensa.
Não foi necessário arpões e nem grandes manobras para servir.

Corri para o salão e juntei-me ao capitão e a Queequeb.

Fomos servidos em um bandeja com os míticos bolinhos ainda quentes. Comemos muitos e ficamos satisfeitos, mas a fúria de Ahab não permitiu que ele ficasse tranqüilo à mesa.

Ele queria mais...

Ele queria o Creme de Bacalhau do Ripp.

Ficamos, eu e Queequeb, quietos, enquanto Ahab grita  pelo cozinheiro para que ele venha à nossa mesa.


Para nosso espanto, Moby Ripp, pessoalmente, vem nos atender, mas conforme ele se aproximava, os olhos de fúria de Ahab já nos previnia que algo iria acontecer. E não erramos.

Com sua voz alta, como todos capitães de baleeiros, pois é necessário tê-la para comandá-los, disse ao cozinheiro:
- Moby Ripp, não saio daqui, ninguém me tira, até que nos conte como faz os pratos com bacalhau deste cadápio, cuja fama alcança os sete mares.
Para ser mais convincente, desembainhou sua longa e afiada espada e colocou-a sobre a mesa.


Levando a mão até a cintura, onde reluzia um poderosa pinça que pensamos que iria sacar, Moby Ripp olha dentro dos olhos de Ahab, por alguns segundos que nos pareceu um eternidade, cinge a face, mostrando as veias saltando para fora da testa e profere palavras que jamais pude esquecer.
Ele disse em alto e bom tom:

- Claro, na boa. Ensino fácil. Prestenção:

Primeiro, o Bacalhau do Porto com Coulis de Tomate.




Apenas dessalgo o peixe, colocando por 24 horas em água, que a troco, pelo menos, três vezes. Fervo as postas no leite por 5 minutos, retiro e tempero com sal, pimenta do reino e azeite de oliva.

O coulis de tomate é só passar pelo processador ou macerar com o pilão, umas 6 a 8 folhas de manjerição grandes e. depois, adicionar dois tomates sem pele e sem sementes, cortado em cubinhos pequenos.
Coloco uma colher de chá de açúcar, uma boa pitada de sal, pimenta do reino a gosto e rego com azeite.
As vezes, ao gosto do cliente, coloco umas azeitonas picadas e termino com cebolinha, também, picada.

O Capitão, Queequeb e eu babamos na foto que havia sobre a mesa.
 
 

Queequeb viu outra foto e achando-a diferente, perguntou:
- Ripp, e esse, tem diferença?
Fulminando Queequeb com o olhar, Ripp se vê obrigado a contar como fez isso:






Esta é a versão de mesa do bolinho de bacalhau, apenas, acrescida de tomates cerejas e de umas lascas de bacalhau cozidas em água fervente por 4 minutos.
Essas lascas devem ficar mais "al dente" e a porção corresponde a uns três bolinhos de bacalhau. Os fiéis a comem com garfo e faca.
 
 
Por minutos eu me contive, mas minha curiosidade não me deixou ficar calado e falei:

- E se eu quiser algo mais cremoso ?


Desta vez, acho que já cansado das explicações e vendo-se sem opções de livrar-se rapidamente destes curiosos clientes, Moby Ripp explica direitinho como faz o Creme de Bacalhau.

- Esse, embora tenha mais fases, não é difícil de fazer.

Comece fervendo duas batatas e, ao ficarem moles, amasse ou esprema. Deixe-as reservadas.
Em uma panela, coloque uma colher de manteiga e meia cebola média, fatiada bem fininho. Depois adicione uma colher de farinha de trigo e mais uma colher de manteiga e cozinhe esse "roux" por uns 5 a 6 minutos, até começar a ficar marrom.
Acrescente pouco a pouco, para encorporar, leite.
Vai formar um molho grosso, que com algumas mudanças, chama-se Bechamel, ou molho branco.

Acrescente o bacalhau desfiado e mexa bem.
Aos poucos, vá colocando a batata amassada (ou espremida), sempre mexendo. Quando ficar homogênio, coloque creme de leite, misture e ao desligar o fogo, acresça cebolinha picada.

Quando servir, pode servir puro, como um creme mesmo ou pode acompanhar umas postas de bacalhau cozidas no leite, batatas assadas e tomates cerejas.


Outra vez nos espantamos com o papiro, dentro de uma carteira de couro negra, que foi deixado sobre a mesa. Era um código numérico, mostrando que tudo isso não custava caro.
O Capitão pagou sem reclamar, embora seu rosto de satisfação estivesse patente.

Ahab, Queequeb e eu estavamos satisfeitos e agradecemos ao cozinheiro da ilha.

Rumamos, novamente, ao porto, onde zarpamos em direção norte para pescarmos bacalhau, nas gélidas águas do Mar da Noruega,  para tentarmos reproduzir essa mágica experiência, quase sobrenatural, deixando de lado a caça da baleia, animal que anda perto da extinção e que antes Ahab havia enfrentado e sobrevivido por milagre.
Esse novo rumo, causado pela comida do Moby Ripp, deve ter salvado as vidas de muitos de nós, que já prevíamos uma luta mortal entre Ahab e sua arqui-inimiga, a baleia chamada de Moby Dick.

Eu, Ismael, vi, comi e delicie-me.








* Na estória do livro Moby Dick, a luta final entre o capitão Ahab e o cachalote branco Moby Dick, termina com a morte de quase todos, inclusive da tripulação do navio The Pequod, de Queequeb e Ahab.O único sobrevivente é Ismael.

O sucesso deste livro de Melville deu-se por causa da rica descrição da vida em um baleeiro, transportando o leitor ao local de maneira quase real.
A irracionalidade humana, interpretada de forma cabal pelo personagem do Capitão Ahab, mostra que não há obstáculos ou vidas que possam deté-la. Sua luta é de anos, onde há enfrentamentos anteriores que mutilam, não só o capitão Ahab que perde uma perna e tem o rosto desfigurado, mas o animal, que na verdade só demonstra a violência para se defender.

É um livro longo e cheio de detalhes, mas é um clássico que as pessoas deveriam conhecer.
Nos Estados Unidos é leitura obrigatória, assim como a nós são alguns autores. Só que em vez de falarem de mazelas, pobreza e cortiços, cutucam mais fundo e, esconde em suas palavras, uma dura crítica ao comportamento humano perante a natureza.

No fim, ela sempre vence, embora possamos mutilar aquilo que nos criou, porém, um dia sua revolta contra nós acontece. E sempre perdemos.


** Saul Galvão foi um jornalista, autor do livro Prazeres da Mesa e um grande entendido nas artes da culinária e dos vinhos.
Faleceu em 2009 e deixou saudades em que o admirava, como o autor deste blog, pelo seu jeito expansivo, até cruel, em certos momentos, mas com uma base solidificada pela experiência.
Rest in Peace.

Berinjela à Parmegiana



Houston, we have a Aubergine (berinjela) !!










Eram vinte e uma horas de uma calma noite na cidade de Houston, Estados Unidos, quando o rádio fez contato e ouviu-se a seguinte mensagem:

- Houston, we have a problem !!

Foi uma correria. O que estaria acontecendo?

Técnicos, engenheiros, especialistas e a mocinha do cafezinho ficam apreensivos com a mensagem.
Afinal, estar dentro de uma nave espacial, isolada da Terra, sem possibilidades de estacionar em um canto qualquer e chamar o guincho, é um problemão !!!

- Base, Fred Haise falando. 
O comandante James Lowell está com fome.
Câmbio.

- What ?


- We need hot food !!!

- Mande-o a despensa da nave ver o que tem. Câmbio.

- O John Swigert já foi e disse que tem pouca coisa.
A situação é grave Houston.
Estamos sem noção do que fazer.
Aguardamos instruções.
Câmbio.

- Procurem acalmar o comandante. Estamos pensando em uma solução rápida para sanar o problema. Câmbio.

- Rápido, por favor.
Estamos nervosos.
Câmbio

- Faça um diagnóstico rápido do que você acha da situação, Fred. Câmbio.

- Examinei os fortes ruídos que estamos ouvindo na nave e eles estão vindo do estômago do capitão.
Câmbio.

- Há quanto tempo isso está acontecendo? Câmbio.

- Desde a hora do almoço. Câmbio.

- O que vocês comeram? Câmbio.

- Uma papinha desidratada e tomamos Tang. Câmbio.

- Argh !!! 
Vocês precisam de uma refeição de qualidade. Câmbio

- Estamos fazendo o levantamento da situação. Câmbio.

- O.K., mande um relatório completo dos ingredientes que estão armazenados na nave e encaminharemos ao único homem que pode nos ajudar. Ele saberá o que fazer. Câmbio.

- Ok, mandaremos a lista de ingredientes assim que a checagem da despensa e da caixa frigorífica for concluída. Câmbio.


Era dia 13 de abril de 1970, e o mundo segurou a respiração.

A décima terceira missão à Lua corrida sérios perigos.



Muitas perguntas no ar.
Redes de televisão e rádio levantavam hipóteses e com isso mais perguntas surgiam.
 Poderiam os três astronautas se satisfazerem com os poucos ingredientes que o módulo Aquarius da nave Apollo XIII tinha?

 Haveria com preparar uma boa refeição, rápida e com pouco oxigênio?

James Lowell manteria a sanidade para continuar no comando da missão morrendo de fome?

Fred e John conseguiriam fazer a refeição sem experiência gastronomica?

Por que o título do filme que sairá no Brasil, "Apollo 13, do Desastre ao Triunfo", já entrega o final do filme?

Por que James Loweel tem a cara do Tom Hanks?


A situação era tensa. Todo o planeta estava apreensivo com a grave situação em que se encontrava a equipe espacial que estava rumo à Lua.


O telefone vermelho toca na casa do Ripp:


Trim...trim...trim...


-zzzzzzzzzzzz

- Hum, alô !!!

- Senhor Ripp, Red Alert.
Presidente Nixon falando.

- O que você quer?  
Eu tava dormindo, Nix.
Aqui são quase meia noite, pô !!

- Desculpe-me , mas é uma emergência Ripp.
A Apollo XIII está com sérios problemas e o pessoal da NASA não consegue encontrar a solução para o problema.
Após muitas reuniões, eles pediram ajuda ao mundo todo e, imediatamente, lembrei-me do Cook Tem.

- O que eu posso fazer por eles?

- Eles estão com fome !!
Mandarei um fax com a lista de alimentos que existem na nave e o senhor poderia desenvolver algo gostoso que fizesse acalmar e saciar a tripulação?

- Manda, vou ver o que dá pra fazer.

O aparelho de fax começa a fazer aquele barulhinho...zim, ooooo, zimmm, oooo, tam, tam tam.


- Aguardamos uma solução rápida e eficiente.

- Fica na linha, que eu vou checar a lista.

- Manda de novo que tá tudo borrado.

E depois de 18 envios, enfim, chegou um legível.
(Quem já teve um fax deve saber do que eu estou falando !!!)


- Então, o que achou da lista? É grave? Teremos solução?

- Calma !
-Chávê, péraí !!






- Há quanto tempo eles não comem?
- Eles sabem que a grafia correta é berinjela com "jota"?
Que Apollo tem dois "éles".

- Não comem desde o almoço e já são 21 e 40 da noite aqui em Houston.
Mas, muita gente escreve berinjela com "gê".
Infelizmente, pelo pouco tempo que temos, utilizamos o Google Tradutor. Por isso tantos erros.

- Sim, mas segundo o Dicionário Aurélio, é com "jota" aqui no Brasil. Lá em Portugal é com "gê", mas, aqui não!!!.

Após uma análise, pormenorizada e detalhista, de três segundos, o diagnóstico:

-Pô, tem pouca coisa na nave, mas, dá pra fazer algo delicioso !

- Mister Ripp, o senhor pode nos orientar, por favor?


- Claro, Xonxom !!
 
 

- Dá pra fazer as deliciosas Berinjelas à Parmegiana.

- Hum, isso deve acalmar os estômagos lá no espaço.

- Com certeza.

- Instruções meticulosas, por favor.

- Melhor colocar-me diretamente em contato com a nave, assim posso passar as instruções passo a passo.

- Sem problemas, em um minuto o senhor estará falando com eles.
Abração Ripp, salve-os, por favor, da inanição espacial.
O mundo conta com você !!!

Após 20 minutos de tensa espera, afinal o contato com a nave era feito pela Tim, e todos sabemos que quem tem Tim, é viver sem sinal.



- Trim...trim...trim...

- Astronauta John Swigert na linha.
Ripp é você?

- E aí, Jonny. Eu mesmo na linha.
Que tá rolando por aí?
Já viu algum ET?


- Ainda não vi nenhum ET, só o Fred, mas, ultimamente ele anda fumando um cigarrinho meio suspeito.

Estamos com fome.
O capitão já está nervoso e fazendo fortes ruídos com estômago. Câmbio.

- Fala pra ele que em pouco tempo ele estará comendo.
Acalme-o que isso é bem fácil de fazer.

- Estou na cozinha da Apolo Ripp. Isso aqui não é muito espaçoso, lembra alguns novos apartamentos vendidos em São Paulo
Por favor, vá falando e eu vou fazendo aqui. Câmbio.

- Começa cortando a berinjela de comprido e colocando na água com vinagre.

- O.K. Já está executada a ação. Câmbio.

- Retire-as depois de uns 15 minutos e seque-as com o papel toalha.

- O.K.. Estão sequinhas. Câmbio.

- Passe-as na farinha de trigo temperada com sal e pimenta do reino.

- O.K., Câmbio.

- Agora passe-as no ovo batido e volte a passar na farinha de trigo (pode-se fazer com farinha de rosca, deixando as berinjelas "à milanesa", mas, assim fica mais levinho e eles não tinham farinha de rosca lá na nave, né?) e leve-as a frigideira com óleo quente a 160º, ou como marca aí no botão do fogão espacial, temperatura média.

- O.K. Câmbio.

- Quando dourarem, retire-as e ponha no papel toalha para secar.

- Pega uma panela que deve estar flutuando aí do seu lado e doure meia cebola picadinha.

- O.K. Câmbio.

- Agora coloca o tomate, também, picadinho e sem sementes. Tampe a panela, para irmos mais rápido, e refogue por uns minutos em fogo baixo. Segure a tampa se não a gravidade levanta ela. Tempere com sal e pimenta do reino.
A receita original leva carne moída, mas na lista de vocês não tinha isso, então, esquece.

- O.K. Câmbio.

- Agora coloque um pouco desse molho sobre cada fatia de berinjela empanada.

- O.K. Câmbio.

- Por cima coloque uma fatia grossa de mozzarella e leve ao forno pré- aquecido em temperatura alta para gratinar.

- O.K. Câmbio.

- Tem alguma coisa aí que possa servir de acompanhamento?

- Tá meio "bad" aqui, Ripp
Temos, apenas, arroz, uma cenoura, o resto da cebola e no congelador uns brócolis. Câmbio.

- Pô, a Nasa tá muito mão-de-vaca com vocês, heim !!
 Salteia o brócolis na frigideira, junto com a cenoura e a cebola que sobrou.

Ok, salteando os legumes na frigideira. Câmbio.

- Tem manteiga?

-Tem sim. Câmbio.

- Quando terminar, coloca um pouco por cima e dá uma mexida nos vegetais. Não esquece de experimentar o sal e coloca a pimentinha do reino, de novo, se quiser.

- Perfeito Ripp, salvou a missão. Câmbio.

- Manda uma foto para eu ver como ficou !!


Berinjela a Parmegina com legumes salteados na manteiga.
 
 
- O que podemos fazer para agradecer você Ripp, Câmbio.

- A próxima vez que a gente conversar, para de falar "câmbio" toda hora, que isso enche o saco de qualquer um!!


- God bless you, Mister Ripp.
God bless Aubergines !

- Thanks. Agora deixa eu voltar a dormir !!!

- Câmbio. Desligo.

- Ops, sorry !!!



** Aubergine é a tradução literal da palavra "berinjela", também chamada de Egg-Plant ou Mad Apple, ou seja, planta-ovo ou maçã-maluca.
Esses americanos, hehe!!



Bye !





Texto e fotos by Ripp

Gifts do Tony Gifts

Os nomes usados no texto são reais e não é mera coincidência, assim como datas e horários.

O sinal dos celulares Tim, realmente, ficam sem sinal várias vezes.

A missão Apolo 13 já partiu com a suspeita que não daria certo. Tudo por causa da supertição em cima do número 13, que os americanos levam muito a sério.

O filme dramatiza uma situação real e em comparação ao que nível de informatização que hoje temos, a missão Apollo contava com computadores menos potentes que uma calculadora HP, vendida em qualquer esquina do mundo.

Hoje em dia, a segurança nos vôos espaciais está sempre em primeiro lugar. Na época das missões Apollo, ou as missões anteriores, o heroísmo fazia parte das missões, tanto que os astronautas levavam cápsulas de cianureto para o suicídio em caso de não haver escapatória.
Muitos deram suas vidas nessa corrida para começarmos a conquistar o espaço.

A missão Apollo XIII não chegou a pousar na lua e sua volta à Terra foi uma das situações mais dramáticas já vividas na era espacial, mas acabou dando tudo certo por inteligência da equipe de astronautas.

Embora tenha havia mais quatro missões Apolo, o término delas se deu por causa deste incidente, atrasando em mais de 20 anos a exploração espacial.
Não podemos dizer que os ônibus espaciais são naves espaciais, pois, os mesmos não saem da órbita terrestre.

Muitas coisas que usamos nos dias de hoje, de forma corriqueira, foram desenvolvidas por causa destas missões, como exemplos as canetas esferográficas rolerball e os relógios de pulso a quartzo.

Não tenho mais nada a escrever.

Então vou parando por aqui.

Até amanhã, em uma nova postagem.

Tchauzinho








Ainda tá aí ?











Pode ir embora, já acabou.











Desliga você primeiro.

















Já tô indo !!!







Agora, eu vou, mesmo !!
















Tchauzinho !!


Torta de Maçã - Apple Pie


"Branca de Neve e a Apple Pie"







Era uma vez uma folgada chamada Branca de Neve...

 A sem vergonha, ficava o tempo todo pensando em morar no palácio do Príncipe Encantado. Isso porque lá tinha uma cozinha de primeira e a gorduchinha branquela gostava de comer, não interessando quem faz.

Interesseira, estava morando com os sete carinhas ao mesmo tempo. Sorte dela que eles não ocupavam muito espaço, eram todos pequenininhos, comiam pouco, mas, ela tinha que cozinhar pra eles, afinal eles passavam o dia todo trabalhando na mina de diamante.
Chegavam de larica, morrendo de fome.

Nem chegavam a entrar em casa, já metiam as cabecinhas pela janela perguntando: - O quê tem para o jantar, Branks ?



Quase sempre era o mesmo arroz, feijão, bife e salada e de sobremesa...NADINHA !!!

Zangado, principalmente, ficava puto da vida com isso. O único que não reclamava era o Soneca, também, chegava em casa e caia direto na cama.
Dunga, mais preocupado com futebol do que com comida. era outro que comia pouco. Como não falava, não reclamava.
Dengonso era só charme, e ficava sempre de papinho e não comia direito.
Feliz, bom esse era um bôbo alegre, ria de tudo e comia de tudo.
O Mestre era o que precisava de uma dieta mais regrada, pois era o mais velho, mas o bom é que uma papinha qualquer ele comia..
Chato mesmo era o Atchim. Era duro comer farofa do lado dele. O bom é que sempre estava de nariz entupido e nunca sentia os cheiros da gororoba da Branquinha Enevoada.

Na floresta onde moravam, morava, também, uma bruxa. Fontes me informaram que a bruxa se chamava Dilma. Mas isso ainda não foi confirmado.


A Dilma, ops, a bruxa, cozinhava muito bem, só pelo tamanho dos caldeirões já dava para imaginar. Muita gente vendo estes pensava que ela mantinha um restaurante clandestino por quilo na floresta. 
Uma das suas especialidades era a torta de maçã.

Pensando em se dar bem com anõeszinhos, afinal, qual mulher não gosta de diamantes, correu até a vizinha de verruga no nariz e implorou a receita da torta.
A bruxa, já de saco cheio da cantoria que os oito faziam à noite, dançando madrugada a dentro, embalados por Extasy e muito conhaque, e não a convidavando para participar, disse:



- Queridinha, pode deixar que eu faço pra vocês.
Só vou precisar de uma ajudinha nos ingredientes, a promessa de me convidarem para a noitada com vocês e me explicar porque te chamam "de Neve" se aqui na floresta não tem neve. 

- Ô malévola criatura, chamo-me assim por causa do "seu" Neves, o gigolô da floresta. Trabalho pra ele, ou você acha que eu ia aguentar sete de uma vez e ainda ficar cantando?




- Mas, bruxa malvada, que bom que fará a torta de maçã para mim. Sou uma negação na cozinha. O que você vai precisar?, disse a alva criatura.

- Branquela, vou precisar de farinha, açúcar, sal, manteiga, leite, maçãs, passas, Maisena, castanha do Pará e shampoo.

- Shampoo? Vai shampoo na torta ???

- Não, mas, eu tô precisando mesmo.


- Pódexá, vou arrancar uns trôcos dos tampinhas e vou até Pão do Mato, o supermercado aqui da floresta, comprar esses ingredientes mágicos !!.

Assim a majestosa e bela Branca de Neve, rebolou até sua casa, quer dizer, a casa era dos anões, mas ela já tava de olho na herança, afanou uns diamantinhos do cofre dos anões e foi trocar com o doleiro da Floresta. Foi difícil, os números da combinação do cofre eram muito pequenininhos.


Com a grana na mão, comprou os ingredientes da torta e levou para a Bruxa Malvada, que não era tão malvada assim, e era uma grande cozinheira.

Chegando em casa, antes de ir à casa da Bruxa, a Marrom de Neve, (sim, "marrom" porque vocês pensam que andar no barro da floresta  é fácil manter a alvura e ficar branquinha o tempo todo), foi tomar um banho relaxante, já que no caminho do mercado encontrou sua amiga piriguete, a Chapeuzinho Vermelho e essa contou a última noitada que teve com o Lobo Mau, deixando os hormônios da Branquela a mil.


Relaxada e esvoaçante depois do "banho", levou os ingredientes à casa da bruxa e pediu se podia ficar ali vendo ela fazer (na verdade era desconfiança, queria ver se a bruxa não iria colocar coisas como asas de morcego, pêlo de rato, etc).



- Claro que pode. Assim você vê como eu faço e na próxima vez você se vira sozinha.

- Então, como faz?

- Vamos começar pela massa, disse a bruxa.




Pegamos um caldeirão, quer dizer, uma vasilha e colocamos 150 gramas de farinha de trigo peneirada. Junto à farinha colocamos 75gramas, ou um terço do tablete de manteiga gelada.
No liquidificador, transformamos em farinha, 75 gramas de Castanha do Pará e adicionamos na vasilha. Colocamos 100 gramas de açúcar e uma pitada de sal.



- Mas sal? disse a moçoila alva.

- Sim, sempre que colocamos, ele realça o sabor dos outros ingredientes, respondeu a feiticeira.

- Agora farei uma mágica !!!

Em vez de meter as mãos, eu começo a misturar, delicadamente com uma colher de metal.
Vou misturando até aglutinar todos os ingredientes e assim não fico com aquela massa molenga grudada nos dedos.
Acho um óóó-rror isso.


- Oh, feiticeira florestal, que dica boa !!

- Thanks, disse a mulher dos feitiços.

Quando misturou direitinho, aí sim, vou com as mãos e faço a finalização. Esse "sable", ou areia em francês, está pronto para ser estendido em uma forma de fundo removível e ser levada ao forno médio (180º) por uns 15 minutos para secar, mas antes faça uns furinhos com o garfo na massa para ela não levantar, mas disse a bruxa:

- Deixemos ela descansar meia hora. Enquanto isso, vamos colocar as fofocas em dia !!!

-Como é viver com sete homens ?

- ...



- O nome dessa mágica é "Massa Crumble" e fica encantadora.

- Agora vamos fazer o recheio.

- Pegue umas quatro maçãs que comprou. Deixa duas, pois elas tem um destino especial, he-he-he (dando uma risada de suspense)!!!

A quase translúcida, de tão branca, mocinha, pegou as maçãs e levou à bruxa.

Então, esta diz:


- Agora faz alguma coisa em vez de ficar lixando as unhas e descasca as maçãs. Depois as pica em pedacinhos.

Enquanto isso, a malvada megera, foi ao instrumento de tortura mais terrível que existe para os ouvidos dos vizinhos: a batedeira !!!


Pegou 400 ml de creme de leite fresco gelado e duas colheres de açúcar e fez nova mágica. Os transformou em Chantilly.



Branquinha ficou pasma.


 - Como pode virar algo tão gostoso só mexendo o creme de leite com açúcar?

- Porque você ao bater adiciona ar à mistura, fazendo com que ele fique preso e com isso aumente o volume, por ser uma dispersão coloidal. As moléculas que tem nele não sofrem mudanças químicas, apenas físicas. Continua o mesmo creme de leite, mas a gordura  do leite e o açúcar deixam a estutura dele modificada.
Já dizia meu mestre, Hervé This, o percurssor da gastronomia molecular.

Tù cabulou as aulas de química, né verdade?

- Uau !!!
Eu faltei justo nessa !!!

- Aprendi quando estudei junto com o Harry Potter.

- Uau, de novo !!!


- Descascou e picou as maçãs?

- Yes, disse a branqueada mocinha, treinando o inglês caso sobre algum príncipe na Inglaterra e que ela possa garfar.

- Agora, vamos ao recheio.

Colocamos as maçãs picadinhas na panela junto com quatro colheres de açúcar, uma colherinha de extrato de baunilha, uma xícara de leite com um colher de sopa de Maisena dissolvida e mexemos em fogo baixo até virar um creme.
- Uma dica, pra você "das Neves", falou em tom de oráculo a maviosa mulher do chapéu pontudo:

- Pegue uma maçã e, em vez de picar, raspe com a colher, fazendo uma papinha e misturando à essas picadas. Isso faz com que o sabor do leite não apareça no recheio, pois saboriza-o com o gosto da maçã.

- Meio copia do recheio da sua tortinha de maçã do McDonalds que a senhora explicou anteontem no seu blog, né, disse a mal agradecida moça.

- Oh, alva memória, matou a charada !!! 



- Podemos colocar umas passas brancas ou negras, mas sem sementes.

- Eu adoro passas, disse a megera.

- Agora, outra mágica.

Pegamos aquela maçã que eu disse que teria um destino especial, e garanto que você pensou que fosse envenená-la, e errou, e vamos fatiá-la bem fininha, distribuindo por cima ou no meio do recheio da torta. Assim teremos três texturas diferentes de maçãs. A picadinhas, a masserada e a fatiada.

- Oh, Oh, Que maravilha!!, disse, espantosamente, a puxa-saco branca.

Levamos, agora com o recheio, novamente ao forno até essas maçãs ficarem douradas.


- Oh, murmurou a sílfide branca.

-E agora tiramos o aro da forma?

- Sim, quando esfriar, mas não coloque na beirada da janela, pois,  o Zé Colméia anda pelas vizinhanças e pode roubá-la.

- Que ursinho safado esse. Queria ele lá em casa, mas como tapete na frente da lareira, disse a branca amante do bichos.


-  Na escola Hogwarts, a mesma do Harry, aprendemos que podemos colocar por cima suspiro e, para isso, devemos bater claras de ovos, açúcar e uma gotinha de vinagre de vinho branco, em neve, com picos bem durinhos, mas desta vez, depois de tirarmos do forno, vamos colocar o chantilly.

- Olha como ficou !!!




- Oh, que linda. Depois de servir aos nanicos, vou pedir um colar de diamantes pra eles !!!, disse a interesseira leitosa.

- Podemos aproveitar essa mesma receita de massa crumble, que é delicosa, e fazermos com recheio de amendoins e ficará assim:



- Oh, eu quero, também, disse a espantada moça branca.
- É só fazer o recheio diferente, misturando paçoca ou amendoins triturados, creme de leite e açúcar, leite condensado, com uma gema de ovo e uma pitada de sal em fogo baixo e mexendo sempre. Caso use a paçoca, não esqueça que ela já tem açúcar, portanto aumente a quantidade de creme de leite e diminua a de leite condensado, disse a mestre dos feitiços.


-Uau !!!,
exclamou de novo a biba clarinha.

- Ou com chocolate.  Nesse caso é só fazermos um ganach, misturando chocolate meio amargo derretido com cuidado no microondas ou em banho-maria com creme de leite e uma colherinha de manteiga:





- Então, minha cara, vá e encante os anões.


Se passar em frente ao espelho, pergunte a ele:


-Espelho, espelho meu, existe torta mais fácil e gostosa de fazer do que essa ?